O grupo de Fraternidade Wesleyana de Santidade se reuniu na manhã dessa quinta-feira (18), nas dependências da Sede Nacional da Igreja Metodista, em São Paulo. O encontro, além de promover comunhão entre as 16 pessoas presentes levou o grupo a refletir sobre a Espiritualidade engajada na perspectiva Wesleyana; tema da palestra ministrada pelo major do Exército da Salvação, Dr. Maruilson Menezes de Souza.
Alguns pilares wesleyanos foram relembrados durante a palestra como proposta de espiritualidade em contrapartida do que se tem visto hoje na sociedade.
Nesses dias há uma proposta de espiritualidade que conhecemos que permeia a sociedade brasileira. Normalmente são propostas confusas, terapeutizadas, personalistas, sedutoras e templárias, enfatizou o major Maruilson. Para ele é templária no sentido da igreja não sair para fora, para a missão.
Na palestra, o Major definiu como sendo três as marcas de espiritualidade presentes em nosso tempo. A primeira delas foi a aparência. As pessoas apresentam ser uma, mas na verdade são outra disse. O sucesso ou a fama também é buscado por muitos espiritualistas, e, por fim, o ativismo nas igrejas.
Na sequência, seis tentações da espiritualidade contemporânea também foram destacadas na fala de Menezes.
1. A teologia do sacrifício que já foi amplamente discutida pelo bispo metodista Paulo Ayres. Para Menezes, você se sacrifica para ter algo de Deus. Esse tipo de espiritualidade procura barganhar com a divindade.
2. A busca de espiritualidade de segurança dos grandes líderes que dizem o que a pessoa deve ou não fazer. Esses tipos de pessoas consultam seus líderes para saber se podem ou não viajar. Isso é uma tentativa de oferecer soluções fáceis que manipulam as pessoas com um sentimento teatral.
3. A relação do Sagrado e Profano;
4. Perfeição onde corre-se o risco em desprezar os relacionamentos;
5. Interioridade - perigos do individualismo, separar a vida interior da missão;
6. Contemplação - corre-se o risco de não atuar mais na missão.
John Wesley, o fundador do metodismo no século XVII viveu no contexto da Revolução Industrial onde havia muita corrupção, vícios, violências, desemprego e uma apatia espiritual por parte da Igreja majoritária de sua época onde ele era pastor, a Igreja Anglicana. "A história nos indica que pessoas mais prósperas compravam suas cadeiras. Os pobres não tinham no passado e nem na atualidade cadeiras em suas casas e muito menos nas igrejas", disse Maruilson. Havia também um descrecimento das Igrejas e um baixo nível moral na sociedade. Wesley fez toda a diferença no século XVIII ao entrar na Universidade de Oxford.
Quatro pontos foram lembrados na proposta wesleyana. São eles:
1. Experiência pessoal com consequências na sociedade
a) assistência aos pobre e marginalizados. "Temos a experiência que temos aburguesado o evangelho. Creio que nossa experiência precisa olhar por aqueles que estão às margens da sociedade.
B) Compêndio de medicina;
c) Reforma educacional;
d) Reforma prisional;
e) Abolição da escravatura;
f) A busca de um mundo melhor para aqueles que vivem a margem.
Nesse sentido, toda a experiência pessoal precisa ter uma experiência social. Essa experiência não me tira do mundo, mas me leva para o meio dos povos e marginalizados, para o meio da sociedade.
2. Missão - Wesley andava 7 mil quilômetros por ano a cavalo e deixou 230 livros publicados. "Essa experiência pessoal precisa nos motivar e nos levar para a missão.
3. Intregalidade do ser humano. Wesley buscava para toda a sociedade, o bem estar integral do ser-humano.
4. O quadrilátero Wesleyano
a) Escritura
b) Razão
c) Tradição
d) Experiência
Reação - após a palestra sobre "Espiritualidade engajada na perspectiva Wesleyana, houve um tempo para reação dos participantes no encontro. O bispo emérito da Igreja Metodista, Adriel de Souza Maia, lembrou a pedagogia wesleyana.
Wesley foi um pedagogo. Precisamos dar vida a teologia, disse ao mencionar a experiência de Wesley na Universidade de Oxford. Chegou a citar, ainda, o momento em que John Wesley reunido em um concílio fez a seguinte pergunta:
"Qual o propósito da Igreja Metodista? Reformar a nação, especialmente a Igreja e espalhar a santidade bíblica sobre toda a terra. Precisamos caminhar nessa direção.Precisamos dos pequenos grupos e transformá-los em espaços da recriação da fé. , depois mesmo em alguns momentos tendo dificuldades por ser anglicano com as questões clérigas ele cria o movimento leigo, finalizou o bispo dizendo que temos uma crise metodológica a começar pela Igreja local. O método é muito importante para alcançar a vida em sua totalidade.
O bispo da Igreja Metodista Livre, Ildo Mello reafirmou a importância de caminhar juntos: Vejo que temos que promover cada vez mais a união entre as igrejas, estamos irmanados, não é acabar com as denominações e ao invés de muros temos cercar. Nosso testemunho fala mais alto em uma sociedade dividida entre tantos partidos, afirmou.
O bispo José Carlos Peres destacou a novidade teológica na época de Wesley colocar os leigos para pregar. O que me preocupa é que podemos ter alguns Wesley's nascendo hoje e por causa da ortodoxia, do legalismo da instituição podemos estar matando esse potencial. Nem tudo que é novidade é ruim", disse o bispo Peres.
Alguns representantes wesleyanos não puderam participar por compromissos em suas denominações. Os bispos metodistas, Nelson Luiz Campos Leite e Stanley da Silva Moraes que frequentam assiduamente as reuniões do grupo, também não puderam participar por problemas de saúde.
Durante o encontro foi apresentado as Notas Explicativas de John Wesley do Novo Testamento que podem ser adquiridas na editora Filhos da Graça. O bispo Ildo Mello destacou a importância da publicação. As Notas Explicativas faltavam em português e certamente vamos nos beneficiar com esse material, finalizou.
Ouça a palestra do Major Maruilson na íntegra e a devocional do Bispo Adriel!
O que é Grupo Fraternidade Wesleyana de Santidade?
Grupo de representantes das Igrejas de Herança Wesleyana busca uma compreensão mais aguçada da obra de santificação que Deus opera em indivíduos e em comunidades inteiras. O objetivo é aprender uns com os outros, buscando encontrar as melhores formas de articular a mensagem de santidade no contexto atual e jus ao nosso legado histórico, a medida que também busca-se evitar as armadilhas do legalismo de um lado, e de uma graça barata de outro, que trata o tema da santidade como algo apenas posicional e não vivencial.
Reportagem de José Geraldo Magalhães