Manifiesto de Santidade

O Manifesto de Santidade surgiu de uma preocupação por parte de alguns líderes das igrejas de origem wesleyana que perceberam que a mensagem de santidade foi sendo diluída internamente e deturpada externamente. Por um lado, em meados do século 20, a santidade era cada vez mais definida em termos de performance, geralmente em termos daquilo que as pessoas não devem fazer. Isso levou a uma ênfase exagerada sobre regras de comportamento, o que acabou descambando em legalismo. Por outro lado, na segunda metade do Século XX, devido a uma ênfase exagerada em crescimento da Igreja, tivemos um aumento do número de cristãos nominais, que não manifestam frutos dignos de arrependimento. Juntos, esses fatores ameaçavam ofuscar a mensagem do amor e da transformação do coração e da vida que são a herança do movimento de santidade.

Nos últimos 10 anos, igrejas de linha de santidade se tornaram cada vez mais conscientes do seu patrimônio único e de seu potencial para ministrar com relevância as necessidades desta sociedade pós-moderna. Com ênfase na graça de Deus, transformação, e vida íntegra e autêntica diante de Deus e de outras pessoas, a mensagem de santidade é cada vez mais atraente para uma ampla gama de pessoas de todas as tradições religiosas.

Um dos objetivos deste projeto foi o de chamar a atenção para a necessidade de rearticular a mensagem de santidade de modo a fazer jus ao seu legado histórico, a medida que também busca evitar as armadilhas de dois extremos: legalismo, de um lado, e evangélicos genéricos sem transformação de vida, de outro.

A Crise que Enfrentamos

Jamais houve um tempo em que uma articulação autêntica e motivadora da mensagem da santidade fosse tão necessária como atualmente. Pastores e líderes em todos os níveis eclesiásticos chegaram a um beco sem saída em sua procura por formas de revitalizar suas congregações e denominações. O zelo e a energia das igrejas tem sido empregados na busca incessante por um método melhor, uma moda passageira, uma visão mais recente e melhor para desencadear o crescimento. Nesse processo para descobrir um método mágico para termos igrejas vibrantes, saudáveis e crescentes, nosso povo tornou-se altamente ineficaz e cativo de um cristianismo genérico que resultou em congregações que não se distinguem da cultura que as circundam. As igrejas precisam de uma mensagem autêntica e clara que substituirá o “santo graal” de métodos como o foco de nossa missão. Nossa mensagem é nossa missão!

Além do mais temos sido inundados por líderes que se tornaram prisioneiros de uma mentalidade de sucesso numérico e influência programática. Eles se tornaram tão preocupados sobre “como” administrar a igreja que negligenciaram o aspecto mais importante que tem a ver com “o que” a igreja declara. Nós inundamos o “mercado” com esforços metodológicos para fazer a igreja crescer. Neste processo, nossos líderes perderam a capacidade de liderar. Eles não conseguem liderar porque não tem nenhuma mensagem autêntica para transmitir, nem uma visão autêntica de Deus, nem uma compreensão transformadora da alteridade de Deus (Deus: o totalmente Outro). Eles sabem disto e desejam encontrar o poder centralizador de uma mensagem que faça a diferença. Mais que nunca desejam banhar-se em uma profunda compreensão do chamado de Deus pela santidade - vida transformada. Estão cansados de confiarem em métodos. Querem uma missão. Querem uma mensagem!

As pessoas hoje estão buscando um futuro sem terem uma memória espiritual. Eles suplicam aos cristãos por uma palavra generosa e integrativa que faça sentido e faça a diferença. Temos a obrigação de deixar claro que Deus é relevante para a vida das pessoas. Nós temos de nos livrar de nossa obsessão por uma linguagem verborrágica, de expectativas embaraçosas e de nossos padrões intransigentes. Qual é o âmago, o centro, a essência do chamado de Deus? Eis aí nossa mensagem, eis aí nossa missão!

As pessoas nas igrejas estão cansadas das nossas mesquinhas linhas de demarcação que criam artificialmente compartimentos, denominações e divisões. Estão cansadas de construírem instituições. Anseiam por uma mensagem clara e articulada que transcenda a institucionalização e os conflitos entre os seguidores de Jesus Cristo. Estão envergonhados pela mentalidade corporativista das igrejas que defendem pedaços do evangelho como se a elas pertencessem. Querem conhecer o poder unificador e transformador de Deus. Querem ver a impressionante santidade de Deus, que nos compele à unidade na qual testemunhamos seu poder. As pessoas aceitam o fato de que nem todos nós seremos semelhantes; haverá diversidade. Mas querem ter a certeza que qualquer que seja a igreja ou líder, saibam que somos um - unidos pelo santo caráter de Deus que nos dá toda a vida e amor. Querem uma mensagem que seja unificadora. A única mensagem que pode fazer isto vem da natureza de Deus, que é unidade na diversidade.

Portanto, neste momento crítico, para o bem estar da igreja, nós focalizamos o tema da santidade de uma maneira renovada. Em nosso ponto de vista, este foco é o coração das Escrituras no que diz respeito à existência dos cristãos através dos tempos - e claramente para o nosso tempo.


A Mensagem Que Temos

Deus é santo e nos chama a sermos um povo santo.

Deus, que é santo, tem um amor abundante e fiel por nós. O santo amor de Deus nos é revelado na vida e ensinamentos, morte e ressurreição de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Deus continua a agir, dando vida, esperança e salvação através da habitação do Santo Espírito, conduzindo-nos à vida santa e amorosa de Deus. Deus nos transforma, livrando-nos do pecado, idolatria, servidão e egoísmo para amarmos e servirmos a Deus, aos outros e para sermos mantenedores da criação. Portanto, nós somos renovados à imagem de Deus como revelada em Jesus Cristo.

Separado de Deus, ninguém é santo. Os santos são separados para o propósito de Deus no mundo. Capacitados pelo Espírito Santo, os santos vivem e amam como Jesus Cristo. A santidade é tanto um dom quanto uma resposta renovadora e transformadora, pessoal, comunitária, ética e missionária. Os santos de Deus seguem a Jesus Cristo ao engajarem-se nas culturas do mundo e trazerem os povos a Deus.

Os santos não são legalistas ou julgadores. Não buscam um estado privado e exclusivo de serem melhores que os outros. Santidade não é ausência de falha, mas o preenchimento com a vontade de Deus para nós. A busca pela santidade não deve cessar nunca, pois o amor de Deus não se extingue.

Deus quer que sejamos, pensemos, falemos e ajamos no mundo à maneira de Cristo. Convidamos a todos a abraçarem o chamado de Deus a:

  • Ser cheios do Espírito Santo em Jesus Cristo - sendo capacitados a cooperar em favor do Reino de Deus; 
  • Viver uma vida devota, pura e reconciliada, sendo desta forma agentes transformadores de Jesus Cristo no mundo; 
  • Viver como um povo fiel da aliança, construindo comunidades responsáveis, crescendo em Jesus Cristo, encarnando o Espírito das leis de Deus em uma vida santa; 
  • Exercitar, para o bem comum, um leque eficaz de ministérios e chamados, de acordo com a diversidade de dons do Espírito Santo; 
  • Exercer ministério de compaixão, solidariedade aos pobres, advogar a causa da igualdade, promover a justiça, a reconciliação, a paz; e 
  • Cuidar da terra, o dom de Deus confiado a nós, trabalhando com fé, esperança e confiança pela cura e cuidado por toda a criação. 
Pela graça de Deus, comprometamo-nos juntos a sermos um povo santo.


As Ações que Tomamos

Que este chamado nos impulsione a levantarmos a visão bíblica da missão cristã:
  • Preguemos a mensagem transformadora da santidade; 
  • Ensinemos os princípios do amor e do perdão de Cristo; 
  • Vivamos vidas que reflitam a Jesus Cristo; 
  • Lideremos um engajamento com as culturas do mundo; e 
  • Partilhemos com outros para multiplicarmos seu efeito pela reconciliação de todas as coisas. 
Para isso vivemos e trabalhamos pela glória de Deus.