sexta-feira, 6 de julho de 2012

John Wesley

John Wesley

Leonard Ravenhill


Lembra a história dos quatro etíopes cegos que se depararam com um elefante? Os homens, tateando, começaram a explicar o que tinham encontrado:

“Oh!” disse o primeiro. “Estamos à beira de um poço. Peguei a corda suspensa sobre a sua borda”. Assim falou o homem que segurou a cauda do monstro.
“Bobagem”, disse o esclarecido comentarista do outro lado da besta. “Estamos em perigo diante de uma grande cobra. Ela acabou de mover sua cabeça viscosa através de minhas pernas”. Estava falando da tromba da besta.
“Vocês dois estão errados”, declarou a terceira testemunha. “Nós estamos em uma caverna baixa. Acabei de me levantar e tocar o teto”. Aconteceu que ele roçou o rugoso abdômen do mamute.
“Tolos”, gritou o último homem que estava abraçado ao redor da perna do animal. “Estamos em uma floresta. Tenho os meus braços ao redor de uma árvore”.


Parece-me que os críticos ao longo dos tempos estiveram quase tão confusos nas suas avaliações de John Wesley como os cegos etíopes com o seu elefante.


O Dr. Maximinim Piette, professor católico romano em Bruxelas, Bélgica, encerrando sua obra clássica sobre John Wesley, diz que Wesley tem sido comparado a:

“São Benedito, no que diz respeito ao seu senso litúrgico de piedade; São Domingos por seu zelo apostólico; São Francisco de Assis pelo seu amor a Cristo e por sua indiferença com o mundo; Inácio de Loyola por sua genialidade como organizador”.

O distinto líder político e escritor Augustine Birrel não hesita em chamar John Wesley de “a maior força do século XVIII”.


Canon J. Overton, historiador anglicano, pode ser acusado de ser um pouco tendencioso em sua opinião acerca dos seus companheiros anglicanos, mas ele classifica Wesley como “a mais ocupada e, em alguns aspectos, a vida mais importante daquele século”.


O Dr. T. R. Glover, emérito orador público da Universidade de Cambridge, Inglaterra, situa Wesley com Paulo, Agostinho e Lutero, assim classificando-o com os grandes da sucessão evangélica.


A meu ver, Wesley poderia ter sido o Primeiro Ministro da Inglaterra se tivesse direcionado sua genialidade para os canais políticos. Poderia provavelmente ter antecipado os inventores posteriores se tivesse se aplicado às artimanhas da ciência. Seu saldo bancário na morte poderia ter sido como o de um Rothschild se tivesse dedicado seus dons à maléfica riqueza.


Repare por um momento os antecedentes da conversão de John Wesley. Seu diário traz esses fatos esclarecedores:

“No ano de 1725, sendo o 23º ano de minha idade, conheci o livro Regras e Exercícios de uma Vida e Morte Santa, do Bispo Taylor. Fui extremamente afetado. Resolvi dedicar minha vida a Deus. Um ano ou dois mais tarde o livroPerfeição Cristã do Sr. Law foi colocado em minhas mãos. Esse me convenceu mais do que nunca da impossibilidade de ser um “meio-cristão‟. E estou determinado, por Sua graça (da qual estava profundamente consciente de sua absoluta necessidade), a ser totalmente devotado a Deus – dar a Ele toda minha alma, meu corpo e minha substância”.

Apesar desta surpreendente palavra de sua própria pena, somado ao fato dessa boa alma levantar-se às 04:00h para orar, além de dar esmolas e devotadamente cuidar dos pobres – ainda assim ele não tinha nenhum testemunho do Espírito de que havia nascido de Deus.

Por volta da meia-noite de 24 de agosto de 1709, enquanto ainda não tinha completado seis anos de idade, John Wesley foi dramaticamente salvo de sua casa em chamas. Em 24 de maio de 1738, maduro, educado, autodisciplinado e virtuoso por qualquer padrão, Wesley foi salvo de novo. Por volta das 20:45h daquela memorável noite, o coração de John Wesley foi estranhamente aquecido e, por causa disso, o mundo tem sido mais aquecido desde então.

Como um tição tirado do fogo, Wesley se lançou a retirar outros tições das chamas eternas. O respeitável e elegante membro de “Oxford‟ selou sua égua e com ansiosa compaixão procurou as “crianças errantes, perdidas e solitárias”.

Trevas cobriam a Inglaterra e grossas trevas o seu povo quando Wesley, junto com Whitefield, pegaram a tocha da regeneração bíblica para iluminar sua densa escuridão.

Os bispos Butler e Berkley têm sido considerados os melhores clérigos de sua época; não obstante, Butler proibiu Wesley e Whitefield de pregarem em sua diocese, mesmo estando ela repleta de alguns dos mais degradados homens do reino.

Havia ministros com corações em chamas em outras partes da Inglaterra naquele tempo, notavelmente Grimshaw de Haworth. William Law era teólogo contemporâneo de Wesley, ao mesmo tempo que Charles Wesley, Phillip Dodderidge e Issac Watts estavam colocando fogo divino na música e lançando verdades espirituais nas canções.

Maravilha-me que o Senhor tomou o sensível e erudito Wesley para lidar com os párias e então tirou Whitefield da atmosfera da taverna onde foi criado para evangelizar a elite vestida de seda e cetim.

Como pregador, Wesley é descrito em um parágrafo que frequentemente leio da pena de um autor desconhecido:

“Tome sua liberdade; ocupe sua comissão, fira e cure; quebre e construa novamente. Nunca fique constrangido; não se acomode à conveniência de ninguém; não poupe o preconceito de ninguém; não ceda às inclinações de ninguém ainda que possa afastar todos os seus amigos e regozijar todos os seus inimigos. Pregue o evangelho: não o evangelho da era passada ou desta era, mas o evangelho eterno”.

Creio que foi exatamente isso que Wesley fez.

Provavelmente Wesley carecia tanto da oratória quanto do fogo de Whitefield, mas ninguém jamais questionou seriamente sua unção. Wesley tinha poder e debaixo de sua pregação homens eram mortos do Senhor. Mesmo o impetuoso Whitefield ficou alarmado com isso, mas ficou mais alarmado quando, dentro de dias, os mesmos fenômenos estavam presentes em suas próprias reuniões.

John Wesley pregava com revelação. “Seu discernimento espiritual não podia ser considerado menos que terrível. Ele parecia ver o interior das almas dos homens, colocar seu dedo sobre o pecado oculto, o medo não confessado”.

Em geral, as pessoas sem igreja amavam ouvi-lo. Em nove meses ele proferiu, pelo menos, quinhentos sermões e apenas seis deles foram em igrejas.

O Sr. Wesley pregou a santidade como uma segunda benção. Ouça-o escrevendo a Joseph Benson: “Com todo zelo e diligência confirme os irmãos (1) a manterem firme aquilo que eles já alcançaram – a saber, a remissão de todos os seus pecados pela fé no Senhor crucificado e (2) a esperarem uma segunda mudança, pela qual eles serão libertos de todo pecado e aperfeiçoados em amor”.

A Sarah Rutter ele escreve: “A santificação gradual pode aumentar a partir do momento que você é justificado, mas a completa libertação do pecado, creio, é sempre instantânea – ao menos, eu nunca soube de uma exceção”.

O espaço proíbe falar mais desse ardente apóstolo. Deixe-me concluir com as palavras do Dr. W. H. Flichett sobre esta alma possuída por Deus:

“Ele parecia viver muitas vidas em uma e cada vida era de uma plenitude incrível. Ele pregou mais sermões, viajou mais milhas, publicou mais livros, escreveu mais cartas [sem um secretário], construiu mais igrejas, travou mais controvérsias e influenciou mais vidas do que qualquer outro homem na história inglesa. E em meio a tudo isso, como ele mesmo se expressa em um humor paradoxal, ele não tinha tempo para estar com pressa”.


John Wesley foi “um bom homem, cheio de fé e do Espírito Santo”.



Fonte: http://www.ravenhill.org/wesley.htm e Leonard Ravenhill - John Wesley

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