sábado, 22 de outubro de 2011

A agenda de Deus para os homens

A agenda da Igreja: qual é o seu foco?

Mateus 25.31-46 (Ver também Is 58.6-12, Mt 7.21-23.2)

Pr. Dionisio Oliveira

Nossa vida é organizada pela prioridade que determinamos como nosso foco. Onde colocamos nossa atenção e nossos interesses prioritários. Há muita influencia que pode desviar nosso foco e impedir de chegarmos onde deveríamos chegar. Às vezes estes desvios são tão envolventes e atrativos que nem damos conta de que estamos fora do plano. Este é o perigo para nós como pessoas, particularmente, e para nós como membros da Igreja, cuja agenda também pode estar sendo influenciada pelas nossas agendas particulares. Jesus nos convida a pensar e rever nossas agendas é fazer isso a partir da prioridade e justiça do seu Reino para que a agenda da Igreja seja uma surpresa agradável na vinda do Rei. Alguns princípios presente no texto supracitado serão indicadores para essa revisão.

1. A agenda da igreja é definida pela prioridade ao serviço às pessoas, ao ser humano de forma irrestrita, pois, segundo as palavras de Jesus não se limita aos irmãos de igreja e nem mesmo aos amigos. A agenda se faz com o foco em gente. Com isso em mente voltamos ao texto e veremos o próprio Jesus reafirmar esse fato, pela sua identificação com todas aquelas classes de pessoas que ele cita. E sabemos que a lista não é exaustiva, mas apenas indicativa. Ou seja, nossa agenda deve ter como prioridade e ser definida com a atenção àqueles que passam fome, que passam sede, aos expatriados, doentes e presos. Outra coisa que não podemos deixar de considerar é que Jesus não questiona as razões que os levou a estas situações.

2. Qualquer outro foco escolhido, desqualifica a agenda da Igreja como válida. Como sinal do Reino e também como símbolo do mesmo a Igreja não terá sua identidade confirmada e o seu discurso sobre Deus e sobre o seu amor não encontrará repercussão em sua existência caso o foco não seja o serviço comprometido e ativo para com a pessoa humana. Quando falamos de “sinal” e igreja como sinal do Reino, estamos falando de uma representação ativa, ou seja, de algo que a Igreja faz, do seu modo de agir fundamentado na “justiça” do Reino. Algo que impulsiona suas ações e autentica seus atos como cooperadora de Deus. Quando falamos de “símbolo” falamos da igreja mais passiva, falamos dela como uma representação, algo que foi convencionado para lembrar algo, mas sem necessariamente, envolver atividades em função desse simbolismo. Pelo símbolo cada pessoa pode ser motivada a fazer uma coisa que lhe interessa. O sinal exige uma ação determinada. Muitas vezes a igreja tem sido um “símbolo” do Reino. É apreciada, é respeitada, mas nunca provoca uma autorreflexão nas pessoas e na sociedade, dentro do padrão exigido pela justiça de Deus. Como sinal do Reino é diferente, pois, ela participa ativamente do Reino em obediência e reverencia ao seu Rei, e é por meio disso que ela é reconhecida e contestada, amada e odiada, cumprindo o que seu Rei já havia antes afirmado.

3. A agenda da Igreja precisa coloca-la mais como sinal do que como símbolo do Reino. Como sinal o foco indispensável que deve definir toda a sua agenda, segundo Jesus, é a pessoa humana nas suas mais diversas carências. Quando perdemos ou mudamos o foco, mesmo assim, muitas coisas atraentes continuam a acontecer na igreja. Há muita coisa significativa que pode continuar ser feita pela Igreja, que lhe trás “status” e reconhecimento público etc. (Ver Mt 7.21-23). Contudo, se a pessoa humana não é a prioridade, a Igreja deixou de fazer o que era fundamental e caminha perigosamente a ser o objeto da reprovação escatológica do Rei do Reino (Mt.25.44-46). Isso é perigoso e exige reflexão. Mas, algo tem acontecido que parece impedir a Igreja de ver o rumo que está seguindo como ocorreu com o grupo questionado pelo Rei. Eles como que surpresos e perplexos perguntam ao Rei “ quando é que fizemos isso que o Senhor está nos dizendo?”(vv.44). Com certeza, não faltaram atividades para este grupo, e a surpresa talvez seja essa: “meus Deus fizemos tanta coisa e agora estamos sendo penalizados?” Sim, conforme vemos no texto, mas não por falta de atividades, e sim por o foco ter sido mudado. A solidariedade que é marca do Rei e do seu Reino não era a do grupo. Concluindo é possível afirmar que da mesma forma que ocorreu com o segundo grupo é possível ocorrer com a igreja. Ter atividades mil, e no final ser surpreendida ao saber que a motivação estava errada e o foco não ter sido o que o Reino exigia. A palavra final do Rei pode ser de duas formas: “Venham benditos de meu Pai, recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a fundação do mundo”(v.34), ou “Malditos, apartem-se de mim para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”(v.41). Será que haverá alguma injustiça na ação do Rei? Se tomamos as pessoas como qualquer coisa e a colocamos em ultimo lugar na nossa lista de preocupações, sabendo que o própria Jesus assumiu cada um de nós como prioridade máxima em sua vida? E por isso assumiu todas as consequências? Será que há alguma injustiça na decisão do Rei se usamos as bênçãos do Reino para sermos servidos e não para servir como Jesus deu-nos o exemplo? (v.Mc.10.45). Se pararmos um minuto apenas para pensar veremos que a “justiça” do Reino é perfeita, pois não há coisa mais valiosa do que a vida humana, e não há gesto que manifeste mais a realidade de Deus e Cristo como enviado Dele quando uma pessoa é acolhida pelo amor de outra pessoa.

Termino propondo para todos que ao invés de vermos qualquer injustiça da parte do Rei, que analisemos a prioridade e o foco de nossa agenda. É ela que tem influenciado para o bem ou para o mal a agenda que escolhemos para nossa igreja.

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