quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Unidos para alcançar esta geração

 “Que todos sejam um... para que o mundo creia” (João 17:21)

Jesus é nosso modelo em tudo, inclusive na oração. A grande oração de Jesus em favor de Sua Igreja foi registrada no capítulo 17 do Evangelho de João. Jesus costumava subir ao monte para dedicar-se a oração (Mt 14.23; Mc 6.46; Lc 6.12; 9.28). Não que isto fosse uma regra, mas o ato de subir tem tudo a ver com oração, pois orar é também subir! Quando oramos estamos agindo de modo parecido a um foguete que precisa vencer a força da gravidade para sair da atmosfera terrena. Pois, quando oramos, nós também estamos deixando para trás as coisas puramente humanas, para elevarmos os nossos olhos para o céu em busca das coisas que são de cima e a procura de uma comunhão mais profunda e pessoal com o Pai Celeste (Jo 17.1 e Cl 3.1). Assim como o Mestre elevou os olhos para o céu (Jo 17.1), os que esperam no Senhor são exortados a levantar os seus olhos parra as alturas (Is 40.26), de modo a aprenderem a subir com asas como águias (Is 40.31). Pois estar em Cristo é já estar nas alturas (Ef 2.6), mesmo que nossos pés ainda estejam na terra! Orar não é um fardo, mas, sim, um grande privilégio que nos garante o desfrute da plenitude da alegria de Jesus (v. 13)!

 Oração é entrega, é relacionamento, é declaração de amor, é gratidão, é confissão de dependência, é submissão, é confissão de pecados, é clamor em busca de socorro, misericórdia e graça em ocasião oportuna. E é por meio da meditação e oração que o caráter de Deus vai sendo impresso em nossas vidas.

Vemos aqui também a importância da oração do líder em favor de seus liderados. Jesus se santifica em favor da santificação de seus discípulos. Jesus ora para que seus seguidores sejam protegidos de modo a serem unidos à semelhança da unidade que há entre Jesus e o Pai Celestial (Jo 17.11). Interessante observar que nossa proteção está relacionada a unidade. Sem unidade, estamos desprotegidos. Até mesmo no reino animal, os bichos usam a estratégia da unidade para se protegerem do ataque de seus predadores. Os que vivem isolados ou ficam, negligente e distraidamente, para trás do rebanho, acabam se tornando presas fáceis.

 Jesus segue pedindo ao Pai que proteja seus discípulos dos ataques do Maligno (v. 15). Jesus destaca, repetidas vezes, o papel primordial da Palavra de Deus como meio de proteção e santificação (v. 6, 8, 13, 14, 17 e 19). A verdade protege e liberta (Jo 8.32). O Espírito Santo é também chamado de o “Espírito de Verdade” (Jo 14.17). E sabemos que um dos grandes sinais da plenitude do Espírito Santo no dia de Pentecostes foi que os que receberam de bom grado a Palavra passaram a perseverar na doutrina dos apóstolos (At 2.41 e 42)! 

Portanto, a oração e a Palavra da Verdade nos aproximam de Deus ao mesmo tempo que nos protegem do mal. Eis aí o caminho da santificação que tem como grande fruto a unidade, que é a reconciliação do homem com Deus e com seu semelhante. E tal unidade possui poder impactante sobre o mundo que vive dilacerado e carente de amor genuíno. 

Jesus roga insistentemente em favor da unidade (v. 11, 21, 22, 23, 26). Jesus quer que seus discípulos alcancem a plena unidade a fim de que o mundo creia (v. 23). Esta é uma oração missionária! “Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo”(v. 18). Nossa santificação e unidade não são um fim em si mesmas, pois tem como alvo maior a evangelização do Mundo. Por isto é que o pedido de Cristo não é para que seus discípulos sejam tirados do mundo (v. 15), mas para que sejam protegidos do mal (v. 15) e para que sejam santificados na verdade (v. 17) a fim de serem enviados ao mundo do mesmo modo como Jesus foi também enviado ao mundo (v. 19). Isto é tão vital, que Jesus repete duas vezes o mesmo pedido em favor da unidade cristã com o propósito de alcançar o mundo (v. 21 e 23).

O cumprimento de nossa missão passa pela unidade da Igreja. Sem santificação e unidade, nossa missão está comprometida. Sem santificação e unidade corremos o risco de nos tornamos em pedra de tropeço em vez de instrumentos de salvação para a humanidade. 

A unidade entre Jesus e o Pai deve servir de exemplo para todos nós. Jesus não tem ciúmes do Pai, eles não entram em disputa um com o outro, Jesus não teme perder sua posição. Jesus não se sentia diminuído quando se submetia às ordens do Pai. Jesus não se sentia diminuído nem mesmo quando lavava os pés dos seus discípulos. Jesus ensinou que servir é um ato de incalculável nobreza!

Deus é amor. Os amados de Deus não são meros objetos do amor divino, mas passam também a participar deste amor, participando assim da natureza divina (2 Pe 1.4). Jesus conclui sua oração, rogando que o amor do Pai passe a fazer parte da essência dos seus discípulos (v. 26). Cristo passa a viver em nós (v. 26 e Gl 2.20). Recebemos o Espírito de Cristo e devemos manifestar os frutos deste mesmo Espírito (Gl 5.22). É pela capacitação do Espírito Santo que nos é possível ser fiéis testemunhas de Cristo até os confins do mundo (At 1.8). Evangelização sem um bom testemunho, evangelização sem os frutos do Espírito e evangelização sem unidade chegam a ser um desserviço ao Reino de Deus. 

Quantas não são as exortações bíblicas para que os cristãos vivam em amor e santidade? Temos textos e mais textos dedicados ao modo como os cristãos devem viver e se comportar. Fazer discípulos não é ensinar teoria, mas, sim, ensinar a obediência (Mt 28.20)! Que as aspirações de Cristo para seus seguidores se cumpram em nós, e que pela oração e pela Palavra sejamos santificados a fim de vivermos em amor e união, de modo que o mundo possa convencer-se de que Jesus é realmente o Filho enviado de Deus. 

Em Cristo, 
Bispo Ildo Mello

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