sábado, 22 de outubro de 2011

Wesley enfrentando a Escravidão e outras questões sociais


Wesley enfrentando a Escravidão e outras questões sociais


(Autor: Bispo José Ildo Swartele de Mello)

Wesley e os metodistas primitivos não entravam em pânico quando se deparavam diante de fortes crises morais, pois criam que o status quo não tem a última palavra. Ele ousou acreditar que o mundo poderia ser transformado pelo poder da graça de Deus. Imagine o que seria ter vivido nos dias de Wesley e decidir trabalhar duro para mudar um problema social tão grande como a escravidão, que estava enraizado na sociedade mundial há milhares de anos? Utopia? A última carta que Wesley escreveu antes de morrer foi endereçada a William Wilberforce, um membro do parlamento inglês que havia se convertido no ministério de Wesley e que inspirado por ele, estava agora lutando contra a escravidão. A carta de Wesley expressava sua oposição à escravidão e encorajava Wilberforce a continuar firme na luta por mudança. O parlamento, após mais de 20 anos de ações políticas e sociais encabeçadas por Wilberforce, no ano de 1807 proibiu a participação inglesa no tráfico negreiro. A Inglaterra foi o primeiro país a abolir a escravidão, e, a partir daí, muitos outros foram inspirados e pressionados a fazerem o mesmo.
Wesley formou sociedades antiescravocratas, grupos para reforma de prisões, casas de abrigo e agências de assistência aos pobres, numerosas sociedade missionárias, hospitais e escolas se multiplicaram. Wesley lutou contra o trabalho infantil e em favor de direitos civis. Concentrou seu ministério entre os pobres. O Metodismo foi indiretamente responsável pelo crescimento da autoconfiança e capacidade de organização de trabalho do povo inglês. Em 1928, o Arcebispo Davidson escreveu dizendo que Wesley praticamente mudou a perspectiva e o próprio caráter da nação inglesa. E, alguns historiadores têm mantido que o avivamento wesleyano alterou o curso da história o que livrou a Inglaterra de uma revolução sangrenta. Leliévre afirma que “todos os historiadores concordam que, embora o século XVIII fosse para a Europa continental uma época de dissolução, para a Inglaterra, pelo contrário, foi o momento de uma benéfica mudança, que regenerou a vida de uma nação e iniciou uma era inteiramente nova”.1 Edmundo Scherer referiu-se ao metodismo como o movimento que transformou a face da Inglaterra e, Cornélio de Witt disse que, se a Inglaterra de seus dias não se parecia mais com a Inglaterra do início do século XVIII , este fato devia-se principalmente a Wesley. 2 Lelièvre comenta ainda que “o nível moral da nação elevou-se de tal modo, que necessariamente se impôs na própria aristocracia, livrando-a da corrupção. Seria possível sonhar que o mesmo acontecesse no Brasil?
Quem poderia dizer o que seria se o movimento metodista tivesse ido ainda mais a fundo em questões sociais e se tivesse feito uma melhor crítica do sistema capitalista de livre iniciativa, e se também não tivesse entrado em declínio anos depois da morte de Wesley? Será que seria ingênuo de nossa parte supor que Marx não teria tido tanta inspiração assim para dizer que a religião é o ópio do povo? Tem sido dito que o avivamento wesleyano salvou a Inglaterra de uma revolução política. Seria possível que uma ainda mais radical ética social no Metodismo poderia ter salvado o mundo de uma revolução comunista, por fazê-la simplesmente desnecessária?4

1 Lelièvre, Mateo. João Wesley, sua vida e sua obra. Tradução de Gordon Chown. São Paulo: Editora Vida. 1997. P. 371.
2 Ibdem, p. 372. citando: La Societé francaise e la société anglaise au XVIII siècle, p. 237.
3 Lelièvre, Mateo. João Wesley, sua vida e sua obra. Tradução de Gordon Chown. São Paulo: Editora Vida. 1997. P. 373.
4 Snyder, Howard A. The Radical Wesley and Patterns fo Church Renewal. Eugene, OR: Wipf and Stock Publishers, 1998, p. 158.

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